Um dia em Sintra

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No nosso último dia inteiro em Portugal saímos de Lisboa em direção à Sintra, o passeio bate-e-volta mais clássico para quem visita a capital portuguesa. Localizada a 30km de Lisboa e muito bem conectada graças ao serviço de trens (ops, comboios!) que partem da cidade, ao chegar em Sintra é fácil entender porque todo mundo indica separar um dia de viagem para conhecer essa vila encantadora…

Começamos o dia na estação Oriente, de onde partem trens a cada meia hora em direção à Sintra (o bilhete de ida e volta custa  €4.30), mas para quem estiver hospedado no coração de Lisboa fica mais fácil pegar o trem na estação do Rossio, de onde eles saem com uma frequência ainda maior. Pouco mais de 40 minutos depois chegamos em Sintra, e sair da estação em direção ao centrinho da vila é como entrar num túnel do tempo!

As ruas de paralelepípedos, os palácios e igrejas românicas, as casinhas de arquitetura mourisca, o charme do centro cheio de lojinhas, restaurantes e cafés, as residências de veraneio enormes que pertenciam à nobreza portuguesa… É o tipo de lugar onde é impossível fazer as coisas com pressa, cada cantinho esconde um detalhe especial e como os palácios/igrejas/castelos estão localizados no meio da floresta nas encostas da serra, a cada 10 passos tem uma paisagem diferente implorando para ser fotografada.

um dia em Sintraum dia em SintraNo alto da colina: Castelo dos Mouros e Palácio da Pena

Então vamos com calma que o dia vai ser longo! Embora alguns corajosos digam que é possível visitar tudo a pé, são tantas subidas e descidas pela floresta que não vale a pena perder o tempo precioso que poderia ser usado visitando os palácios se deslocando de atração em atração… Recomendo pegar o ônibus circular 434 direto na estação de trem: ele vai passar pelos principais pontos de Sintra e por 4 euros dá para usar esse serviço o dia todo.

Ah, apesar de ser famosa como um destino bate-e-volta, Sintra tem TANTO a oferecer que eu confesso que bateu um leve arrependimento de não ter passado uma noite por lá…

um dia em Sintraum dia em Sintra

Se você também só tem um dia para conhecer a vila recomendo chegar bem cedo, pra dar tempo de visitar com calma não só o Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena, mas também incluir algumas outras atrações como a Quinta da Regaleira, o Palácio de Monserrate ou o Palácio de Sintra e também passear pelos jardins desses locais.

Sintra2015_74Pra completar a felicidade era aniversário de Rafa! <3

A primeira parada do ônibus fica no centro histórico, perto do palácio e de várias lojinhas e cafés charmosos decorados com azulejos. Também conhecido como Palácio da Vila, o Palácio Nacional de Sintra foi construído no século XIII onde antes existia uma construção moura, e através dos séculos foi sendo ampliado e reformado usando estilos diferentes: arquitetura medieval, gótica, manuelina, renascentista, romântica…

um dia em Sintra

Do alto da serra é impossível ignorar as enormes chaminés brancas tão icônicas do palácio, que era um favorito da nobreza e foi a casa da família real portuguesa por mais de quatro séculos. Não entramos no Palácio de Sintra porque não deu tempo (vide o conselho pra chegar o mais cedo possível na vila! rs), mas as fotos que vi do interior do palácio são lindas!

um dia em SintraCastelo dos Mouros - Um dia em Sintra

A segunda parada que recomendo para quem quer ter um dia perfeito em Sintra é o Castelo dos Mouros, uma fortaleza construída por volta do século VIII para proteger a região.

Sintra2015_8Castelo dos Mouros - Um dia em Sintra

Instalado no meio da floresta, no alto de um dos cumes da serra de Sintra, o castelo foi construído pelos mouros que conquistaram a Península Ibérica, vindos do norte da África. Mas a história do local começa bem antes disso: em pesquisas arqueológicas no castelo foram encontrados artefatos do período Neolítico, da idade do ferro e do bronze, além de estruturas que contam a história de como o castelo foi usado ao longo dos séculos e um cemitério medieval.

Castelo dos Mouros - Um dia em SintraCastelo dos Mouros - Um dia em Sintra

Passeando ao longo das muralhas do castelo é possível admirar a paisagem que se estende até o oceano Atlântico. São penhascos, planícies, o Paço de Sintra na principal praça da vila, o Palácio da Pena mais acima, outras atrações como a Quinta da Regaleira e o Palácio de Monserrate… A paisagem de Sintra é tão exuberante e única que foi reconhecida pela UNESCO como patrimônio mundial!

Castelo dos Mouros - Um dia em Sintra

Se hoje em dia as vistas são um prêmio para os turistas que visitam o castelo, no tempo dos mouros essa localização estratégica tinha uma importância ainda maior: o castelo era uma base militar, responsável por monitorar toda a região montanhosa e proteger a vila de Sintra. Mas nem as vistas privilegiadas foram o suficiente para defender o castelo do ataque da segunda Cruzada cristã em 1147…

O castelo havia sido capturado brevemente durante a primeira cruzada em 1093, mas os mouros conseguiram tomá-lo de volta e foi nesse período entre as duas cruzadas que o Castelo dos Mouros atingiu seu ápice. Registros da época indicam que Sintra era uma região muito desenvolvida e o castelo era inclusive mais importante que o Castelo de São Jorge, em Lisboa.

Castelo dos Mouros - Um dia em Sintra

Mas depois da conquista portuguesa, o castelo foi aos poucos sendo abandonado e lá pelo século XVI não tinha mais ninguém ocupando o lugar. Pra melhorar a situação o castelo foi atingido por um raio (que posteriormente causou um incêndio), depois praticamente se desintegrou no terremoto de 1755 que devastou Lisboa, e para ter ideia de como na época o castelo era tão insignificante, ninguém se movimentou para reconstruí-lo…

Até o século XIX, quando Fernando II, marido da rainha D. Maria II, decidiu revitalizar a região de Sintra. O príncipe consorte era um bon vivant fascinado pela Idade Média, arte e todo o movimento romântico que estava aos poucos se desenvolvendo em Portugal.

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Fernando II foi o responsável por transformar as ruínas completamente destruídas de um castelo estritamente funcional em um local de contemplação, com passeios, jardins e esse ar de “atração turística” que vemos hoje em dia. Na mesma época em que comprou o Castelo dos Mouros, Fernando também comprou seu vizinho de colina, o Palácio da Pena, de onde dava para ver a bagunça que era o castelo na época…

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Mais um motivo para reformar as ruínas (enquanto também reformava o palácio, claro!), e a vista da muralha com suas bandeirinhas balançando ao vento passou a ser um dos atrativos do Palácio da Pena.

Palácio da Pena - Um dia em SintraPalácio da Pena - Um dia em Sintra

E aí chegamos nele, o palácio mais colorido que eu já vi e provavelmente a primeira imagem que você vai achar quando pesquisar qualquer coisa sobre Sintra!

Palácio da Pena - Um dia em Sintra

O Palácio da Pena é o principal ponto turístico da vila e faz parte daquela lista de 7 maravilhas de Portugal, assim como o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, além de ser uma das principais expressões do romantismo na arquitetura mundial (ele inclusive foi construído antes do famoso castelo de conto de fadas Neuschwanstein, na Alemanha).

Palácio da Pena - Um dia em Sintra

O palácio foi ampliado a partir de um mosteiro antigo que existia no local, que junto com o Castelo dos Mouros e a mata ao redor encantou Fernando II no século XIX. Mas por ter sido construído apenas para abrigar os monges e servir de local de estudo, o palácio não tinha aqueeeelas salas grandiosas e aquele espaço ornamentado digno da família real portuguesa

Palácio da Pena - Um dia em SintraSintra2015_62

A solução foi ampliar o que hoje em dia é conhecido como o Palácio Velho, e o responsável pelo projeto foi o barão (e arquiteto amador) germânico Eschwege, que se interessava por diversos assuntos e já tinha trabalhado fazendo até pesquisas geológicas no Brasil por ordens da coroa portuguesa.

Palácio da Pena - Um dia em Sintra

Os ambientes antigos foram remodelados, salas maiores foram construídas e toda uma nova ala surgiu, o Palácio Novo, com tetos abobadados, grandes salões decorados com azulejos e vistas para a floresta e o Castelo dos Mouros. Outros elementos como torres de vigia, um túnel de acesso e até uma ponte levadiça foram construídos, resultando num palácio que parece saído de um livro de fantasia e encanta os olhos!

Palácio da Pena - Um dia em Sintra

Mas D. Fernando também se preocupou em manter referências antigas do palácio e fazer essa separação do que era novo (pintado de amarelo vivo) e o que já tinha centenas de anos (avermelhado), e isso foi facilmente alcançado usando as cores diferentes na fachada, azulejos e detalhes esculpidos em pedra.

Palácio da Pena - Um dia em SintraPalácio da Pena - Um dia em SintraPalácio da Pena - Um dia em Sintra

As diversas espécies de árvores plantadas no terreno do palácio e os jardins românticos do Parque da Pena também são uma herança de Fernando II, que mandou plantar espécies dos quatro cantos do mundo e transformar os jardins do palácio num espaço agradável de passeio e contemplação… Que mal pudemos aproveitar porque não deu tempo de passear por lá #todoschora.

Palácio da Pena - Um dia em Sintra

Durante o reinado de Carlos I a família real ocupou o palácio com bastante frequência, e foi lá que a Rainha D. Amélia passou sua última noite no país antes da queda da monarquia portuguesa e antes de todo mundo fugir para o exílio.

Palácio da Pena - Um dia em Sintra

Como não fazia mais sentido ter palácios habitados num país que agora era uma república, o Palácio da Pena foi transformado em museu nacional e mantido exatamente como ele era na época do final da monarquia, em 1910.

Um dia em SintraUm dia em Sintra

Nossos passeios turísticos em Sintra terminaram aí, mas como já disse antes recomendo visitar algum outro palácio ou casarão histórico e passar mais do que apenas 7/8 horas na vila… O bilhete conjunto que dá acesso ao Castelo dos Mouros e o Palácio Nacional da Pena custou em torno de €20 por pessoa, mas o preço varia se você quiser incluir alguma outra atração ou se preferir visitar apenas o exterior do Palácio da Pena, por exemplo.

Só não deixe de também separar um tempo para andar sem rumo, tirar fotos do centrinho e fazer um lanche no super tradicional Café Piriquita!

Um dia em SintraUm dia em SintraArtesanato português em Sintra

A especialidade local é o Travesseiro de Sintra, um tipo de folhado recheado que como quase todos os doces portugueses é feito a base de ovos, mas outros doces portugueses como a queijadinha também são servidos – e como dá pra ver pela foto encontrei até guaraná por lá, é muito amor <3

Lojas em Sintra

Pertinho do café também ficam algumas lojas que servem a ginjinha, um licor típico da região de Óbidos feito a base da ginja, uma frutinha parecida com a cereja.

A bebida é servida em copinhos de shot feitos de chocolate e também é famosa em Lisboa – a gente até trouxe uma garrafa aqui pra casa mas eu não aguento tomar, é muito forte! Claro que saí da loja em Sintra levemente alegre só com um copinho de ginjinha que eu nem consegui terminar direito ahaha #fail

Um dia em Sintra

E assim terminou nosso dia em Sintra! Imagino que deva ser bem legal passar uma noite por lá e ver como é a vida na vila quando todos os trens e ônibus com turistas vão embora, mas já ficamos satisfeitos de poder ver o sol se pôr no meio daquelas colinas cheias de árvores e voltar pra Lisboa tendo conhecido um lugar tão próximo, mas ao mesmo tempo tão distante da capital…

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