Domingo passado foi um dos dias mais gloriosos que já passei aqui em Londres. 26 graus, sol, céu azul (pelo menos na maior parte do dia ahaha), passarinhos cantando, famílias e amigos brincando no parque, nem vento gelado nem abafado demais… Morar aqui definitivamente me ensinou a valorizar os dias de tempo bom, e depois de passar uma semana inteira sem ver a cara do sol e usando CACHECOL (sim, tiramos os casacos de inverno do armário em pleno mês de junho), posso dizer que tive praticamente uma overdose de felicidade no final de semana.
Saímos de casa com planos de fazer um piquenique em Primrose Hill, mas já no ônibus descobrimos que várias ruas estavam fechadas, nosso busão foi desviado lá pras bandas de Knightsbridge e pegamos um trânsito daqueles…
Ah, eu já disse que morar aqui também te faz desenvolver uma ansiedade chamada “tá muito maravilhoso na rua pra ficar aqui dentro do ônibus”? ahah Vai batendo um medo de quando finalmente chegar no destino o tempo já ter virado, é uma loucura! Então rapidinho mudamos os planos, pedimos pro motorista abrir a porta assim que pudesse e fomos atrás de algum parque por ali mesmo, porque não dava pra desperdiçar nem mais um minuto daquele sol.
Por sorte demos de cara com um WholeFoods – também conhecido como o melhor supermercado da face da terra, amém – e vi que o Holland Park ficava pelas redondezas. Só foi juntar a fome com a vontade de comer: enchemos uma cestinha de delícias no supermercado (milagre: escolhi uma salada e estava surreal de tão gostosa) e fomos nós e nosso piquenique conhecer mais um parque londrino.
O Holland Park fica no bairro de mesmo nome, uma área entre Kensington, Shepherd’s Bush e Notting Hill no centro-oeste da cidade. Como dá pra ver pelas fotos e pelos bairros vizinhos, Holland Park não é um bairro, digamos, humilde. Mas ao contrário de outros redutos dos endinheirados como Mayfair e Knightsbridge, bairros super movimentados e cheios de turistas, trânsito e todo aquele agito, andando por Holland Park é difícil acreditar que estamos praticamente no centro de Londres.
Me apaixonei pelas casas georgianas branquinhas, os prédios de tijolo aparente e juliet balconies, as ruas arborizadas…
Como estamos planejando comprar nosso primeiro apartamento eu vivo analisando bairros, imaginando como seria morar ali, se tem restaurantes, lojinhas e supermercados por perto, se a área é tranquila, essas coisas nada importantes de saber antes de escolher um lugar para morar pela próxima década sabe? Óbvio que Holland Park passou no meu teste com nota máxima, pena que quando fui olhar o preço de apartamentos por lá quase tenho um ataque hahaha
Fazer nada deitada na grama é uma das minhas atividades preferidas, espero ansiosamente por maio/junho, quando a temperatura já está mais amena e rola fazer a fotossíntese. Nesse verão quero mais tardes passadas assim – lendo um livro, vendo a vida passar, conversando e comendo com amigos ou até mesmo sozinha, naquela passadinha estratégica no parque por 15 minutos depois do final do expediente.
Os gringos pegando um bronze e uma festinha de 1 ano no parque!
Claro que a maior parte da tarde foi devidamente aproveitada assim, largados na grama, mas explorar o parque antes de voltar pra casa foi uma ótima decisão.
Pela entrada que chegamos mal dava pra ver o que mais o Holland Park oferecia além daquele gramadão onde fizemos o piquenique, e foi uma surpresa encontrar tantos pátios, jardins, parquinhos, áreas para esportes, construções antigas adornadas por folhas e flores… É um parque muito romântico!
O parque cerca uma antiga mansão chamada Holland House, a residência do conde de Holland, que foi quase completamente destruída durante a blitz na segunda guerra. Mas restaram alguns prédios, corredores e pátios que trazem ainda mais charme para o parque, principalmente o antigo salão de baile que hoje em dia abriga o restaurante Belvedere.
E é interessante como apesar de relativamente pequeno (são apenas 22 hectares, é uma pracinha comparado aos 140 hectares do Hyde Park) o Holland Park tem ambientes completamente diferentes. Os jardins arrumadinhos com cercas-viva milimetricamente podadas, contrastando com o bosque onde as crianças brincam de perseguir os pavões e pombos do parque, e a maior surpresa, uma porção de floresta selvagem com clareiras e trilhas de onde só dá para ouvir o cantar dos pássaros.
Mas se você acha que é “só” isso está muito enganado: a atração mais fotografada do Holland Park é seu jardim japonês, que apesar de não ser tão desconhecido assim ainda entra em todas as listas de jardins secretos pela cidade.
Momento curiosidade besta: o Kyoto Garden tem exatamente a minha idade ahaha :-) Ele foi doado pela Câmara do Comércio de Kyoto em 1991, em comemoração ao festival japonês que aconteceu aqui em Londres no ano seguinte.
O jardim é um verdadeiro oásis dentro do já tranquilo Holland Park, com aquele paisagismo característico dos jardins japoneses: pedrinhas formando caminhos sinuosos, água corrente na forma de uma pequena cachoeira, muitas carpas nadando no laguinho… E uma ponte onde dá para sentar e admirar isso tudo por muito tempo. Desafio alguém a continuar estressado depois de visitar esse jardim!
O Kyoto Garden foi ampliado em 2012 com a inauguração do Fukushima Garden, um presente do Japão em agradecimento ao povo britânico pelo apoio depois do terremoto e tsunami que assolou o país em 2011. Ele é mais simples que seu irmão mais velho, mas tem os mesmos elementos dos jardins japoneses e flores lindas pelo caminho.
Voltei pra casa feliz depois de aproveitar o dia de sol, finalmente sair de casa com as pernas E ombros de fora e ver tantas coisas lindas no Holland Park :-)
Então fica aqui minha dica de amiga: deixe um tempinho separado no roteiro para conhecer esse parque – e vale ficar de olho na programação de verão, época que acontecem peças a céu aberto da Opera Holland Park e também alguns concertos pelo parque.
Ele pode até não ser o maior de Londres, mas como o Holland Park tem atrativos belíssimos…!
Holland Park
Ilchester Place, W8 6LU
Metrô: Holland Park ou High Street Kensington
Aberto todos os dias das 7:30 até o pôr do sol.
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