No fim do ano passado me bateu uma agonia e saí marcando viagens pros próximos seis meses, após o mini-trauma de não ter conseguido viajar no outono/inverno porque fui adiando e os preços subiram demais. Uma dessas passagens promocionais (viva Ryanair!) foi para Dublin, e no final de janeiro fomos passar um final de semana lá. Acabei nem planejando muita coisa, fomos nos guiando pelos mapas grátis que pegamos no aeroporto e foi o bastante pra curtir a cidade sem muitas neuras de turista que precisa ver tudo.
Como a cidade é bem compacta, os pontos turísticos principais poderiam ser vistos em um dia.. Se não fosse a chuva irritante que aparece do nada, bem na hora em que você resolve conhecer aquele parque – nunca vi o tempo mudar TANTO num só dia como lá, foi a prova de que clichês são clichês for a reason ahahah. A capital da Irlanda é repleta de atrações para todos os gostos: quer história? Tem. Muita cerveja e pubs a cada esquina? Sim. Balada? Também tem. Seguir os passos de alguns dos escritores mais famosos do mundo? Lagartixar num parque? Arrumar um namorado ruivo? Aprender uma língua que parece saída de O Senhor dos Anéis? Enfim, esse é o espírito.
Quase o Bono xD
Uma das principais atrações da cidade é a Saint Patrick’s Cathedral, dedicada ao padroeiro da Irlanda e construída ao redor do poço onde São Patrício supostamente batizava os convertidos ao catolicismo por volta dos anos 450. Construída entre 1120 e 1260, a catedral é uma das ultimas construções do período medieval ainda de pé. As fotos do interior são belíssimas, maaassss quando chegamos lá no final da tarde ela já estava fechada. #fail
Outra catedral belíssima na qual também não conseguimos entrar (essa viagem foi tão ~sortuda~ quanto a de Veneza! ahahah) é a Christ Church, também conhecida como Cathedral of The Most Holy Trinity. Também resquício do período medieval, possui a maior cripta da Irlanda/Grã-Bretanha e atualmente é reconhecida pelo Vaticano como a catedral oficial da cidade.
De uma Dublin religiosa pra uma Dublin pinguça: a região de Temple Bar provavelmente abriga o maior número de pubs por metro quadrado do mundo! Todos beeeem turísticos, mas com ótima música, bebida gelada e gente simpática. Jantamos no Quays Irish Restaurant e foi uma das melhores coisas do final de semana, definitivamente o melhor stew que já comi na vida! Não pedimos a versão tradicional irlandesa porque não sou muito fã de cordeiro, mas a versão beef and Guinness é simplesmente imperdível. Com uma cidra deliciosa pra acompanhar, claro.
Ao contrário de outras áreas da cidade, Temple Bar manteve o caráter medieval com as ruas de pedra estreitas e construções antigas. Na região acontece uma feira de livros e discos bem legal no final de semana, além de feiras de design e de flores, vale a visita pra quem estiver pela cidade. O pub homônimo fundado em 1840 supostamente é a maior armadilha de turista da cidade, com cerveja cara e muita gente espremida, mais um motivo pelo qual escolhemos o Quays :)
Como eu não bebo cerveja e Nic também não é louco pelo assunto, passamos o tour pela fábrica/museu da Guinness e fomos conhecer o museu de história natural! #nerdices ahah xD
O segundo dia foi reservado para o Trinity College, a universidade mais antiga da Irlanda e por onde passaram nomes como Oscar Wilde e Bram Stoker. Foi planejada para ser o equivalente de Oxford e Cambridge na Irlanda, mas infelizmente apenas um college acabou sendo construído..
Fundado em 1592 pela Rainha Elizabeth I, o campus abriga prédios belíssimos construídos entre os séculos XVII e XX. Além de passear e admirar a arquitetura do local, outra atracão é a Old Library e a exposição sobre o Book of Kells, que vale muuuuito a pena (se não me engano custa €9 por pessoa).
A biblioteca do Trinity College é uma “biblioteca depósito”, o que significa que uma cópia de cada livro publicado na Irlanda e no Reino Unido deve ser enviada para lá. A parte mais famosa do complexo de bibliotecas é o Long Room, uma câmara de 65 metros de comprimento que abriga 200 mil manuscritos e publicações dentre as mais antigas do acervo.
O Long Room abriga, ainda, a harpa céltica mais antiga da Irlanda, que data do século XV (a harpa é o simbolo do país!) e bustos de mármore de escritores, cientistas e filósofos.
E uma das melhores coisas que vimos em Dublin, e infelizmente não pudemos tirar foto: Book of Kells! Escrito por volta de 800 a.C. por monges copistas (!!), é um dos mais belos manuscritos “iluminados” – porque foi decorado com ouro – do mundo. Sua importância também se dá pelo fato do Book of Kells ser um registro da Irlanda celta antes da invasão viking, quando praticamente tudo foi destruído.
A maior parte da exposição acontece numa sala onde é contada a historia do livro e de outros manuscritos do mesmo período, e onde também aprendemos um pouco do processo beeeem demorado de preparar o couro da vaca, extrair os pigmentos das plantas, construir os instrumentos para desenhar e só então finalmente escrever o Novo Testamento. O Book of Kells também foi um dos primeiros livros a utilizar ilustrações ao longo do texto, para que até mesmo as pessoas que não sabiam ler pudessem ser evangelizadas.
E durante o passeio ficamos sabendo que o livro está disponível online, após um esforço gigantesco para restaurar e digitalizar tudo, tornando essa parte da história da Irlanda acessível a qualquer pessoa. A imagem exata que resume minha impressão da cidade: o velho andando de mãos dadas com o novo. Só faltou esbarrar com o U2 :(