Acho que nenhum lugar fora do Brasil faz tão parte da nossa história quanto Belém, um bairro de Lisboa localizado às margens do Tejo. Eu explico: foi de lá que em 9 de março de 1500 zarpou a armada de Pedro Álvares Cabral rumo às Índias – com um pit-stop acidental (ou nem tanto) nas Américas pra descobrir o Brasil.
A outra parte da história a gente conhece bem: os portugueses avistaram terra firme em 22 de abril de 1500, encontraram uma população de nativos que chamaram de “índios” e foram logo tratando de realizar uma missa e dar nome àquele pedaço de terra que agora lhes pertencia – a Ilha de Vera Cruz. Alguns dias depois os portugueses partiram rumo ao seu destino final, mas um navio voltou à Lisboa levando a carta de Pero Vaz de Caminha e dando a notícia que o império português agora estava ainda maior.
As conquistas portuguesas ajudaram (e muito!) a moldar o mundo como o conhecemos, e durante os séculos XV e XVI não dava pra ninguém! As colônias portuguesas e territórios descobertos por eles hoje formam mais de 50 países (!!!), e apesar de ter perdido essa força não tem como um país não se orgulhar de um passado desses. Isso sem falar no quanto as expedições portuguesas influenciaram outras áreas, como a astronomia, cartografia, matemática, meteorologia e até a descoberta de como as correntes marítimas funcionam.
O Padrão dos Descobrimentos homenageia tudo o que os navegadores portugueses fizeram pela história do país e do mundo, homenageando principalmente o Infante D. Henrique que apesar de nunca ter sido rei teve uma influência enorme na expansão portuguesa. A caravela estilizada de 56 metros de altura pode ser vista de longe, assim como as estátuas dos navegadores, cientistas e até escritores que contribuíram para todas essas descobertas.
Vasco da Gama, que descobriu o caminho para as Índias, Pedro Álvares Cabral, Bartolomeu Dias, São Francisco Xavier, o pintor Nuno Gonçalves e até Luís de Camões carregando Os Lusíadas, todos imortalizados no monumento erguido em 1960. O Padrão dos Descobrimentos original era temporário foi construído para a Exposição do Mundo Português em 1940, mas ainda bem que decidiram fazer uma versão permanente!
No chão em frente do monumento está uma rosa dos ventos gigantesca, um presente da África do Sul para Portugal – foi Bartolomeu Dias quem descobriu o país, quando contornou pela primeira vez na história o Cabo da Boa Esperança. Dá pra subir pagando 3 euros e me arrependo um pouco de não ter ido porque acabei não vendo a rosa dos ventos… Maaaasss como dá pra ver nas fotos o céu estava tão feioso que não animamos a subir nem no Padrão nem na Torre de Belém.
Continuamos o passeio pela marina à caminho da Torre de Belém, o cartão postal mais icônico do bairro e uma imagem que com certeza vem à cabeça de todo mundo quando o assunto é Lisboa.
Construída alguns anos depois do descobrimento do Brasil, a torre fazia parte do plano de defesa da região e contava com vários canhões estrategicamente apontados para vários pontos do rio Tejo. Ao longo dos anos outros meios de defesa foram surgindo e a Torre não era mais necessária, então ela acabou sendo usada como farol, central de telégrafos, posto de controle aduaneiro e até masmorra para presos políticos.
É impossível não se impressionar com essa construção, que mais parece um palácio todo ornamentado com esculturas, torres menores, janelinhas e desenhos esculpidos em pedra. Classificada como Monumento Nacional em 1907, a Torre de Belém também foi nomeada Patrimônio Mundial da UNESCO em 1983 – e como já disse antes dá pra subir, além de visitar algumas salas dentro da torre como a sala dos canhões, a capela e a sala dos reis.
Maravilhosa até em miniatura! :-)
A entrada na Torre custa 6 euros (ou 12 para visitar também o Mosteiro dos Jerónimos), e é gratuita para quem tem o Lisboa Card ou quem visita o monumento no primeiro domingo de cada mês (dá pra entender a fila gigantesca agora?). Esperamos um tempo na fila mas acabamos desistindo – a entrada é feita em grupos bem pequenos e ia demorar mais de 1 hora só pra chegar na ponte -, nunca pensei que diria isso mas foi uma coincidência muito triste ir no dia gratuito ahaha
Depois da Torre fizemos o caminho de volta e paramos pra almoçar na Rua Vieira Portuense, praticamente dentro do Jardim de Belém e cheia de restaurantes portugueses. A fome era tanta que escolhemos o primeiro que servia bacalhau (e guaraná! ahaha) e nem lembro o nome do lugar, mas também é muito difícil comer mal em Portugal viu? :-)
Agora quem adivinha o que compramos pra sobremesa? Não podia ser outra coisa, inclusive ouvir dizer que é pecado ir a Belém e não provar os famosíssimos pastéis direto na fonte!!
A Antiga Confeitaria de Belém fica logo na rua principal, a Rua Belém (na dúvida é só seguir o mundo de turistas) e funciona desde 1837! O doce foi criado quando Belém ainda nem era parte de Lisboa por um monge do Mosteiro dos Jerónimos, que fica ao lado da pastelaria, e era vendido para arrecadar fundos numa tentativa de manter o mosteiro funcionando. O docinho fazia sucesso e mesmo a região sendo distante de Lisboa (o acesso era feito de barco!) os atrativos de Belém continuavam trazendo visitantes.
Quando o mosteiro acabou fechando de vez em 1834, pra nossa sorte o pasteleiro do convento resolveu vender a receita a um empresário da região… O que fez com que essas iguarias continuassem sendo fabricadas até hoje, exatamente como eram feitas no século XIX!
A receita secreta dos monges continua sendo seguida à risca e só os pasteleiros chefes tem acesso (adoro que tudo é envolto nessa aura de mistério e até chamam o lugar da produção de “Oficina do Segredo” ahaha). Tanto a receita quanto o nome são patenteados, o que significa que esse é o único lugar no mundo onde dá pra comer pastéis de Belém – o resto é apenas pastel de nata! :-)
Cada pastel custa 1,05€ e devido ao grande número de turistas e portugueses na fila sempre vai ter pastel quentinho chegando no balcão. Ah, não desanime com a fila porque ela anda bem rápido, quando piscamos o olho já era nossa vez e pedimos duas caixinhas recheadas pra levar pra casa (eles tem opções com 6 e 10 unidades). Também dá pra comer no restaurante da pastelaria e eles servem outros tipos de doces, bebidas e lanchinhos – inclusive aceitam reservas pelo site.
Na vitrine e em casa, aquele lanchinho maravilhoso antes de dormir ;D
O jeito mais fácil de chegar em Belém é pegando o eléctrico (bondinho) número 15, que passa tanto na Praça do Comércio quanto no Cais do Sodré (eu recomendo ir andando da praça até o cais porque a vista é linda e andar pela beira do rio é sempre bom). Se não me engano cada viagem do eléctrico custa 2,85€ e dá pra pagar com moedas ou com o cartão de transporte da cidade – fica a dica: compre o Lisboa Viva Viagem logo que desembarcar! O cartão é aceito nos bondinhos, ônibus, metrô, Elevador de Santa Justa, funicular etc da cidade inteira, e as passagens ainda ficam mais baratas com ele. No próximo post da série: o Mosteiro dos Jerónimos!
- Vai viajar? Reserve seu hotel no Booking.com usando o link ou banner do blog. Além de oferecer segurança, super promoções e a opção de cancelamento gratuito, você ainda me ajuda a manter o Sete Mil Km no ar sem pagar nada por isso. Muito obrigada! :-)
- Me siga nas redes sociais para acompanhar todas as viagens e dicas em tempo real: Instagram, YouTube, Snapchat, Facebook e Twitter. Também compartilho muita inspiração de viagens que fiz e quero fazer no Pinterest do blog!