Lisboa: Alfama e o Castelo de São Jorge

Depois de uma manhã super gostosa vendo peixes e pinguins no Oceanário do Parque das Nações, fomos passear por Alfama, o bairro mais antigo de Lisboa.

Lisboa: Um passeio por Alfama e pelo Castelo de São Jorge

Lisboa: Um passeio por Alfama e pelo Castelo de São Jorge

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Não foi intencional visitar o bairro mais moderno e o bairro mais tradicional da cidade no mesmo dia, mas adorei o acidente e como o roteiro improvisado acentuou ainda mais os contrastes entre essas duas partes de Lisboa! Para chegar lá pegue o eléctrico 12 na Praça da Figueira, perto do Rossio, que passa de 20 em 20 minutos e vai te levar até o alto das colinas de Alfama (descemos no Largo Portas do Sol pra explorar tudo a pé).

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Passear por Alfama é como voltar no tempo. O bairro ainda conserva traços de quando a cidade era ocupada pelos mouros, lá pelo século VIII (inclusive o nome Alfama deriva do árabe “al-hamma”, que significa fonte), e nem o terremoto de 1755 conseguiu apagar essa história. Alfama parece uma pequena aldeia medieval: um labirinto de ruas estreitas, ladeiras sinuosas, becos e ruelas com mirantes espetaculares escondidos por entre os sobrados, roupas penduradas no varal, azulejos que surpreendem a cada esquina e aquele contraste lindo dos telhados laranja com as cores claras das construções.

DSC_0579DSC_0556Vista do Miradouro de Santa Luzia

A melhor coisa que você pode fazer em Alfama é se perder por entre essas escadarias, praças e ruelas, e ver o dia-a-dia dos locais se desenrolar em harmonia em meio aos turistas. Visitar os muitos restaurantes típicos, tradicionais casas de fado e mirantes (ops, miradouros!) com vistas deste bairro que talvez seja o mais especial de Lisboa.

O primeiro lugar que visitamos depois de descer no Largo Portas do Sol foi o Miradouro de Santa Luzia. Além de ter uma vista deslumbrante da cidade, das igrejas de Alfama e do Tejo lá embaixo, o miradouro ainda tem algumas paredes de azulejos belíssimas, incluindo uma obra que mostra o Terreiro do Paço antes dele virar a atual Praça do Comércio.

DSC_0378DSC_0589 2DSC_0573Bônus: arco-íris! :-)

De lá voltamos pro Largo Portas do Sol pra visitar seu famoso miradouro, que na verdade é uma varanda enorme ao lado da praça e deve bombar nos dias de sol e céu azul. Pelas fotos que vi às vezes tem mesinhas por lá, deve ser uma delícia parar pra comer um bolinho de bacalhau e pegar um solzinho com essa vista… Inclusive, saudades bolinho de bacalhau.

Pelas fotos dá pra ver que esse não foi nosso caso, o dia estava feio e ainda por cima chuviscando sem parar. Se você também der azar fique pelo Miradouro Santa Luzia que é coberto e só dê aquela passadinha básica de três segundos no Miradouro Portas do Sol, o tempo suficiente pra tirar uma foto, correr da chuva e depois ver que a foto saiu péssima ;D #magoadeblogueira

DSC_0587IMG_8250Pracinha do Miradouro Santa Luzia e a vista do Miradouro Portas da Chuva do Sol

Depois de desbravar as ladeiras e descobrir cantinhos fotogênicos está na hora de continuar subindo, para finalmente conhecer a maior atração da cidade do país: o Castelo de São Jorge!

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O castelo foi construído na colina mais alta de Lisboa, e por causa dessa localização privilegiada pode ser visto a partir de vários lugares da cidade. Mas nada se compara a subir as ladeiras para ver o castelo de perto!

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Vou ser bem sincera: o Castelo de São Jorge pode parecer meio sem graça para quem já visitou outros castelos, e você pode até se perguntar o que ele tem de tão especial para levar o prêmio do monumento mais visitado de Portugal… Afinal são “apenas” muralhas, jardins e escavações arqueológicas: não tem salões com afrescos no teto, quartos mobiliados, cortinas de veludo, móveis folheados a ouro, cozinhas e calabouços que nos transportam para um outro tempo.

Mas a importância do castelo para a história portuguesa é tão grande que não há outra atração no país que se compare a ele. Foi ali que Lisboa nasceu, ou melhor, foi no alto daquela colina que Portugal nasceu.

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Os primeiros registros de uma fortaleza para observação e defesa no local são do tempo dos romanos, quando o império dominava a península Ibérica, mas outras fontes dizem que os vestígios mais antigos datam da Idade do Ferro. Por volta do século V a região é tomada pelos visigodos, que ficam por lá durante alguns séculos e vão alterando as construções existentes até serem expulsos pelos árabes no começo do milênio passado.

A influência dos mouros em Portugal e na Espanha foi uma das mais marcantes, e foi durante esse período que o Castelo de São Jorge tomou forma (embora só tenha recebido esse nome muitos anos depois). O conjunto de construções foi expandido, uma muralha gigantesca foi construída e a cidadela passou a ser o centro político e militar da medina, que se estendia por toda colina descendo até o rio Tejo.

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Nos arredores do castelo moravam governantes, militares e toda elite da época, e alguns objetos que datam da ocupação muçulmana estão expostos por lá. Em outubro de 1147 a história do castelo tem mais uma reviravolta quando o exército de D. Afonso Henriques, após meses de guerra acampados na colina, expulsa os mouros do local como parte da reconquista cristã da península Ibérica.

Alguns anos depois a independência portuguesa é reconhecida pela igreja e D. Afonso é nomeado o primeiro rei de Portugal, mas mesmo antes de Lisboa ser escolhida como capital do país o  castelo já abrigava o rei e os nobres da corte. As construções foram novamente ampliadas e é em 1371 que o Castelo de São Jorge recebe o seu nome, em homenagem ao santo padroeiro da Inglaterra, de onde vieram vários cruzados para ajudar na batalha sangrenta que foi o Cerco de Lisboa.

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Nesse mesmo século a parte mais protegida do castelo (chamada de alcáçova) é transformada no Paço Real da Alcáçova, a residência oficial da família real portuguesa, e assim permanece até o período das navegações. No Paço da Alcáçova várias personalidades nacionais e internacionais foram recebidas para bailes, coroações e inúmeros eventos da high society até o século XVI. Foi lá que D. Manuel recebeu Vasco da Gama depois que ele voltou de sua viagem mais conhecida, quando descobriu a rota marítima para a Índia.

Os feitos de Portugal e as grandes descobertas eram comemorados no castelo, mas o país ficou tão rico e importante com essas conquistas e o ouro trazido das colônias que era preciso dar aquele update na residência real. E por que não construir um novo palácio, às margens do Tejo, cheio de pompa e glamour para marcar esse novo momento da história de Portugal?

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O rei ordenou a construção de um novo palácio na Baixa de Lisboa, o Paço da Ribeira, que ficava onde hoje está a Praça do Comércio. E em 1580 quando Portugal e Espanha formaram a União Ibérica o castelo sofreu mais uma mudança radical: passou de paço real a centro militar.

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O complexo do Castelo de São Jorge foi remodelado pela milésima vez, os palácios deram lugar a casas populares, as casas dos nobres viraram quartéis, novas torres foram construídas na muralha e durante alguns séculos o castelo serviu até como prisão. Inclusive quando eu estava pesquisando sobre a história do lugar depois de visitar o castelo, descobri que um dos trabalhos dos prisioneiros era quebrar pedras portuguesas (aquelas que foram utilizadas nas calçadas do Brasil!)

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Durante o terremoto de 1755 o castelo foi tão danificado que precisou ser abandonado. Vários edifícios e torres foram destruídos, e aquele que até então era um dos maiores símbolos de Lisboa passou a ser apenas uma ruína esquecida no alto de uma colina.

Foi só durante o século XX que o país voltou a cuidar do castelo, primeiramente declarando o complexo Monumento Histórico Nacional e dando início a um looongo período de escavações e restaurações.

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Durante os anos 40 os portugueses descobriram vestígios do antigo Paço da Alcáçova, os quartéis, casas e edifícios que compunham o Castelo de São Jorge. Desde então o complexo virou ponto turístico obrigatório para quem visita Lisboa e recebe mais de um milhão de visitantes todo ano.

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E se toda essa história não for o suficiente pra te fazer querer conhecer o Castelo de São Jorge, dá uma olhada na vista que o topo dessas muralhas oferece :-)

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Como o que restou do castelo foram basicamente as muralhas, boa parte do passeio consiste em subir e descer escadas e ir se surpreendendo com uma vista diferente a cada passo. Do alto do castelo dá para ver dezenas de pontos turísticos de Lisboa: o Elevador de Santa Justa, a Ponte 25 de Abril, a Praça do Comércio, o Cristo Rei lá longe, o Parque Eduardo VII, as igrejas de Alfama, a Praça do Rossio…

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Pra quem ama um mirante (oi!) essa vista é um absurdo, garantia de muuuuitas fotos incríveis e muitas horas apreciando a paisagem. Ah, se você der sorte e o céu estiver aberto fique para ver o pôr do sol mais famoso de Lisboa, dizem que é o mais lindo! :-)

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O tempo continuou esquisito naquele chove-não-chove quando subimos pro castelo e as nuvens estavam cobrindo exatamente o lugar onde o sol ia se pôr… Infelizmente perdemos o espetáculo, mas pelo menos tenho a desculpa perfeita pra voltar a Alfama!

DSC_0732Despedida do Castelo de São Jorge: ele todo lindo e iluminado no alto da colina

Castelo de São Jorge
Aberto de novembro a fevereiro das 9 às 18h, e de março a outubro das 9 às 21h
Bilhetes: € 8,50 por pessoa (€ 5 para estudantes, idosos e deficientes)

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07/04/16

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