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A cidade inglesa de Canterbury (em português Cantuária) é um desses lugares que você com certeza já ouviu falar mesmo sem nem perceber. Principalmente porque a cidade é a sede da igreja anglicana e dá nome ao líder da organização, o Arcebispo da Cantuária (que na verdade passa a maior parte do tempo em Londres e mora no Palácio de Lambeth), que de vez em quando aparece nas notícias em épocas importantes como coroações dos monarcas britânicos, casamentos reais etc.
Mas a charmosa Canterbury tem muito a oferecer mesmo se você não estiver interessado em tradições religiosas – a cidade histórica, localizada ao sudeste de Londres, é uma das mais visitadas da Inglaterra e num sábado de outubro eu, a Helo, a Lili e a Karine fomos até lá descobrir o motivo. Essa foi a segunda edição do nosso projeto #OffTo, que divulga passeios bate-e-volta a partir de Londres, e dá pra ver todas as fotos que postamos na hashtag #OffToCanterbury!
Saímos da estação de St. Pancras, e depois de pouco mais de 1h no trem colocando o papo em dia chegamos em Canterbury acompanhadas de um tempo lindo: sol, céu azul e um calor bem raro se você considerar que já estávamos no meio de outubro…
Já começamos o dia tickando da lista a maior atração da cidade, a monumental Catedral de Canterbury, e recebemos do Visit Kent um tour detalhadíssimo com um guia que conhecia a história por trás de cada cantinho da catedral. “Pena” que ainda tinha todo o resto da cidade para desbravar, eu passaria facilmente um dia inteiro ouvindo sobre a catedral e todas as reviravoltas desde a sua fundação no ano 597!
Além de sede mundial da igreja anglicana, a catedral integra a lista de Patrimônio Mundial da UNESCO, passou por inúmeras alterações ao longo dos anos e por causa disso carrega a estética de diferentes períodos.
As mais novas adições à fachada da catedral são as esculturas da Rainha Elizabeth II e Prince Philip, inauguradas em 2015
Uma dessas grandes reformas ocorreu depois de um incêndio no século XII, quando a catedral foi reconstruída em estilo gótico (foi a primeira construção em estilo gótico no país!), e posteriormente ampliada para abrigar o relicário do arcebispo Thomas Becket, assassinado em 1170 dentro de sua própria catedral. A Karine contou a história de Thomas (que virou santo e até hoje atrai fiéis até a catedral) no post dela sobre a cidade – ficamos impressionadas como uma aparente falha de comunicação foi responsável por um dos incidentes mais dramáticos na história da igreja anglicana!
Bell Harry Tower, o campanário da Catedral de Canterbury, e seus leques belíssimos
Nosso tour também passou pelo claustro e pudemos ver algumas salas onde os monges trabalhavam, detalhes escondidos nas paredes que só os guias percebem (idade mental: eu ri da sereia com mamilos de ouro) e ouvir algumas curiosidades sobre a vida no mosteiro. Um exemplo só pra atiçar a curiosidade e inspirar todo mundo a fazer um tour: sabia que por conta da autossuficiência do mosteiro, onde eles produziam a própria comida e bebida, os monges de Canterbury puderam se isolar do resto da cidade e escaparam ilesos da epidemia de peste negra que assolou o país?!
Outros detalhes do interior da catedral que chamaram a minha atenção: o teto da Bell Harry Tower, a torre do campanário com sua abóbada em leque; os vitrais do século XII contrastando com esses vitrais instalados após a Segunda Guerra Mundial que parecem saídos de um filme de princesas da Disney, e a escultura que inspirou J.K. Rowling a criar o pomo de ouro!
Os vitrais de Ervin Bossanyi inaugurados em 1956 escondem referências à Segunda Guerra
(Um parêntese pra dizer que não, o artista que fez os vitrais não se inspirou na Disney… Acredita-se que aconteceu exatamente o contrário! Nosso guia nos contou que alguns estudantes húngaros que trabalharam com Ervin anos atrás assimilaram o seu estilo, e quando emigraram pros Estados Unidos fugindo da guerra foram trabalhar como ilustradores nos estúdios da Disney.)
A catedral de Canterbury abriga uma das maiores coleções de vitrais medievais na Inglaterra – são mais de 1200m² de obras de arte!
Uma outra curiosidade moderna é que Rowling queria usar a catedral como cenário para gravar as cenas de Hogwarts no primeiro filme de Harry Potter, mas os líderes da igreja na época recusaram por causa do conteúdo pagão da história e a catedral de Gloucester acabou sendo usada em seu lugar. Dezesseis anos depois duas coisas estão acontecendo: 1) a Catedral de Canterbury tenta arrecadar dezenas de milhões de libras para manter-se aberta e reparar os danos causados pelo tempo, e 2) tudo que envolve Harry Potter faz suce$$o garantido. Tem gente por aí morrendo de arrependimento pensando nos milhões de fãs que visitariam a catedral se ela tivesse aparecido na série, sim ou claro?
A catedral pode até não fazer parte dos cenários de Harry Potter, mas se você também é fã com certeza vai se sentir dentro dos filmes passeando por uma Hogwarts à meia luz. E se você não é fã comece a ler o primeiro livro agora vá assim mesmo, sou suspeita pra falar porque amo visitar igrejas assim tão grandiosas, mas é um passeio imperdível em Canterbury! A entrada na catedral custa £12 (incluindo visitas ilimitadas durante um ano, como acontece em várias atrações aqui na Inglaterra) e o tour custa mais £5 por pessoa/£10 por família.
Como quase todas cidades históricas, Canterbury se desenvolveu ao longo de um rio, no caso o Rio Stour. E foi lá que nosso passeio continuou, num tour de 30 minutos pelo rio para aproveitar o sol que tinha resolvido aparecer de novo (fez um tempo louco no dia em que fomos à cidade, depois daquele sol incrível assim que chegamos nós passamos frio, levamos chuva, mais sol, mais chuva, não passava 1h sem o tempo mudar…)
O barquinho leva umas 10 pessoas e enquanto rema o guia vai contando mais sobre a história da cidade e personalidades que viveram por lá. O passeio custa £9.50 e dá pra comprar o bilhete na hora mesmo, o grupo Canterbury Historic River Tours fica ao lado da ponte bem na High Street (rua principal) da cidade.
Bônus: início do outono dando um show de cores nas margens do rio!
E o resto do sábado foi dedicado a algo que eu amo fazer: andar meio sem rumo tirando fotos de tudo e ver quais surpresas acho pelo caminho :-)
O centrinho da cidade é uma fofura – já disse que amo essa mistura de estilos arquitetônicos, né? Ainda mais aqui na Europa, onde costuma-se preservar as fachadas mesmo que o interior do prédio seja todo moderno. Adoro entrar numa loja ou café e imaginar o que acontecia ali há centenas de anos, se era uma biblioteca, um hospital, a casa de um nobre da região, uma capela…
Nessas andanças nos deparamos com várias ruas fotogênicas, pontes, casas que parecem saídas de um filme e mais dois lugares que valem muito a visita. O primeiro é a Canterbury Pottery, uma loja/ateliê de cerâmica (a Helo ama esse tipo de artesanato e pirou lá dentro, tem mais fotos no post dela no Aprendiz de Viajante), e o Marlowe Theatre, de onde dá pra ver a cidade do alto.
O almoço foi nesse café/bar/restaurante super charmoso!
Pra fechar o dia (e fugir mais uma vez da chuva sorrateira ahaha), pausa pra um chá da tarde com scones! Fomos no Tiny Tim’s Tearoom, a casa de chá mais tradicional da cidade e que serve um clássico Afternoon Tea o dia inteiro (custa £18.50 por pessoa), mas ok, vou confessar que aproveitei pra beber a última Pimm’s do ano ;)
Outras atrações de Canterbury incluem o museu romano Canterbury Roman Museum, St Martin’s Church ou Igreja de São Martinho (a mais antiga da Inglaterra!), as ruínas da Abadia de Santo Agostinho ou St Augustine’s Abbey e o Canterbury Tales, um museu dedicado ao livro homônimo do poeta Geoffrey Chaucer, considerado o pai da literatura inglesa. Ou seja, pra quem puder passar mais de um dia na cidade eu recomendo estender o passeio, com tanta coisa pra ver em Canterbury você com certeza não vai querer ir embora!
Obrigada ao Visit Kent por nos ceder ingressos para o tour pela catedral e passeio de barco. Clique para ver as fotos que postamos em tempo real na hashtag #OffToCanterbury e os relatos das minhas companheiras de projeto Helo e Karine.
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